Em 1º de março de 2024 – aniversário da cidade do Rio de Janeiro – o Cacique de Ramos sediou a FliCacique – Festa Literária do Cacique de Ramos. A iniciativa está integrada ao Circuito das Festas Literárias promovido pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME) e teve curadoria compartilhada com o Centro de Memória do Cacique de Ramos, sob responsabilidade de Cleber Gonçalves e Walter Pereira, componentes do núcleo de memória da agremiação.
O encontro contou com diversas oficinas, rodas de conversa e atividades elencadas pela Secretaria, além da presença de livreiros e expositores. Duas obras que abordam o Cacique de Ramos foram apresentadas seguidas de conversas com seus autores: Fundo de Quintal: o som que mudou a história, de Marcos Salles, com o próprio escritor e o grupo Reza a Lenda; e Carnaval-Ritual: Carlos Vergara e Cacique de Ramos de Maurício Barros de Castro, com o autor e mediação de Alexandre Palma.
A programação escalada pelo Cacique de Ramos consistiu nas seguintes ações:
Oficina percussiva com alunos do ensino fundamental – 14h
Carlos Noronha (Mestre Xula) – mestre de bateria do Cacique de Ramos
Exposição de ilustrações
Andre Cezari – diretor de arte e carnavalesco do Cacique de Ramos
Visita guiada pela quadra do Cacique de Ramos – com integrantes do Centro de Memória
Roda de conversa “A força feminina nos ramos do Cacique” –
Nayra Cezari – diretora de comunicação do Cacique de Ramos
Cassia Anastasia – rainha da corte de carnaval do Cacique de Ramos
Mediação de Aline Soares – integrantes do Centro de Memória
Performance “Cordelaria carioca: samba e cordel no Rio de Janeiro “ Victor Lobisomem – compositor e poeta popular caciqueano
A realização de uma feira literária neste local da cidade do Rio de Janeiro desempenha um papel crucial na promoção da educação e no enriquecimento cultural. Esses eventos proporcionam um acesso mais amplo à literatura e ao conhecimento, muitas vezes escassos em áreas consideradas periféricas. Ao criar um ambiente propício à leitura e ao diálogo, a festa literária se torna um catalisador para o desenvolvimento educacional dessas comunidades.
A festa literária não apenas disponibiliza livros, mas também promove atividades educativas, palestras e interações que estimulam o interesse pela leitura. Isso contribui para a formação de leitores críticos e abre portas para novos horizontes intelectuais que, por vezes, podem parecer distantes em contextos periféricos.
Além disso, é essencial destacar a importância do Cacique de Ramos nesse contexto. Este bloco cultural, reconhecido por sua contribuição para o samba e a preservação das tradições afro-brasileiras, desempenha um papel fundamental no enriquecimento cultural da população do seu território. Ao participar de eventos promovidos pelo Cacique de Ramos, os moradores têm acesso a manifestações artísticas e culturais que fortalecem sua identidade e conexão com as raízes culturais.
A sinergia entre a festa literária e o bloco Cacique de Ramos cria um ambiente educacional e cultural mais completo. A literatura e a música se entrelaçam para oferecer uma experiência enriquecedora, estimulando não apenas a mente, mas também o espírito. Dessa forma, a educação se torna mais holística, abrangendo não apenas o conhecimento acadêmico, mas também a apreciação das expressões culturais que moldam a história e a identidade da população periférica do Rio de Janeiro.
A seguir compartilhamos alguns relatos de personagens que vivenciaram o dia luminoso que foi a FliCacique:
“Ver o Cacique lotado de estudantes da rede pública da nossa cidade faz o coração bater mais forte. É muito bonito ver esse movimento que o samba vem fazendo, de mãos dadas com a literatura, de convidar nossos estudantes para dentro das quadras. No mesmo compasso todo mundo ganha, pois o samba não acontece sem público, a literatura não existe sem leitor, a educação não faz sentido sem ter algo a aprender, e o Cacique tem muito a nos ensinar. Vida longa ao Cacique de Ramos!”
Marco Aurélio Correa – professor do segundo ano do fundamental na EM Maria de Cerqueira
“Entendo que a parceria do Cacique de Ramos junto à Prefeitura do Rio é importante para oferecer ao bairro e adjacências a possibilidade de entrar em contato com o mundo da leitura. O subúrbio da cidade carece de locais em que se possa encontrar livros para comprar e discutir as leituras. É interessante para nossos estudantes da rede municipal entrar em contato com lugares como o “doce refúgio” e se apropriar deles: lugares de ancestralidade negra e promoção da cultura popular sintetizada no samba. Às vezes é possível descobrir outro mundo bem do lado de casa e precisamos mostrar isso aos nossos jovens para que possam construir novas subjetividades! Que a FliCacique tenha longa vida assim como o Cacique de Ramos!”
William Mathias Moreira – professor de História do ensino fundamental do GET Cientista Mario Kroeff.
Diego Lomônaco – aluno do 9° Ano do Ginásio Educacional Tecnológico Cientista Mário Kroeff
“O Projeto Pensadores Cariocas realizou no evento uma roda filosófica, com a dinâmica brincante Altinha das Perguntas, baseada na ideia de educação para o diálogo, e na obra Por uma Pedagogia da Pergunta de Paulo Freire e Antonio Faundez. Foi difundido com estudantes do Ensino de Jovens e Adultos, entre professores e visitantes do evento, uma prática pedagógica baseada no protagonismo dos indivíduos e na construção coletiva de saberes. O Projeto Pensadores Cariocas aposta no seu lema: Filosofia é Fundamental, realizando práticas filosóficas no ensino fundamental público carioca. O evento foi bom porque ofereceu aos estudantes um espaço cultural de ancestralidade cruzadas entre o samba e os povos indígenas, o Cacique de Ramos, um evento literário incentivando a leitura e a escrita. Ou seja, um ambiente propício para o desenvolvimento do capital cultural do estudante, sua relação com a arte, território, e consigo mesmo.”
Pedro Jorge Miranda Abreu (nome artístico: Pedro Poeta) – educador e idealizador do projeto RODAS FILOSÓFICAS- Projeto Pensadores Cariocas
“Entender o encontro dessas crianças, jovens e adultos num local como o Cacique, de onde muitos frutos do cenário cultural nasceram, é de extrema importância simbólica. Entendo que cultura é oportunizar, é garantir acesso, é democratizar. O que vimos na FliCacique foi justamente o apoio do poder público, por meio da Secretaria Municipal de Educação e da instituição cultural Cacique de Ramos, com a única finalidade de investir no futuro desses estudantes oportunizando. Os debates e participações foram riquíssimos e reforçam a afirmação de que a educação e a cultura caminham lado a lado e têm a força para garantir um futuro melhor.”
Aline Soares – historiadora e integrante do Centro de Memória do Cacique de Ramos