No mês de abril de 2025, o Centro de Memória do Cacique de Ramos tornou público os frutos de um importante ciclo da sua trajetória: a entrega dos resultados do projeto Cacique de Ramos: preservação de acervos e memórias. Apoiado pelo Edital Retomada 2023 Música (Região Sudeste), na linha “Preservação de acervos e memória”, da Fundação Nacional das Artes, a proposta realizou a continuidade do tratamento documental do acervo do Centro de Memória e sua difusão por meio de uma exposição de longa duração (ou seja, permanente). A classificação final da seleção veio a público em dezembro de 2023 e a execução do trabalho principiou em janeiro de 2024
A iniciativa contou com duas frentes que caminharam de modo paralelo e se encontraram para o resultado final. Primeiramente, o processamento técnico do acervo salvaguardado pelo Centro de Memória desde 2018, composto por documentos em suportes variados, como fantasias, placas, troféus, instrumentos musicais, fotografias, papéis e discos. O material foi inspecionado, higienizado e, quando necessário, alvo de restauro, e também organizado e acondicionado.
De forma paralela, foi construída a proposta da exposição, com a definição dos temas a serem explorados e as respectivas divisões de salas, o que demandou pesquisa junto a instituições e acervos externos. As ideias foram testadas na modelagem em 3D, e assim decididos os materiais e recursos, bem como os objetos originais a serem expostos e aqueles que seriam reproduzidos em painéis. O trabalho também demandou a coleta dos objetos e obras de arte cedidos por instituições e particulares. Da mesma forma, toda a mediação com as instâncias sagradas responsáveis pela autorização da integração da Sala de São Sebastião à exposição. Em seguida, as diversas etapas: definição da identidade visual (cores, formatos e símbolos), confecção das vitrines, intervenções artísticas, redação e revisão dos textos, diagramação dos painéis e impressão.
O Cacique de Ramos apoiou a iniciativa proporcionando infraestrutura e logística na liberação e reforma do espaço dedicado à exposição. Ao longo do processo, o trabalho recebeu o apoio do Instituto Moreira Salles, que ofertou contrapartidas acertadas em virtude da cessão de objetos do acervo do Centro de Memória para a exposição Pequenas Áfricas (2023); e do Instituto Zuzu Angel, que emprestou um manequim para a exibição de um figurino. A montagem foi realizada no mês de janeiro de 2025, com ajustes finos e correções no mês de fevereiro. A exposição, batizada Cacique de Ramos: avenidas, quintais e afetos, foi inaugurada para convidados no dia 15 de abril de 2025 e aberta para o público na feijoada, dia 20 de abril.
As ações de tratamento do acervo, e curadoria, produção e comunicação da exposição contaram com mais de uma dezena de profissionais. Todo o processo evidenciou a importância do trabalho em grupo, no qual diferentes saberes e pontos de vista foram reunidos para a produção de uma iniciativa cujos méritos derivam justamente desse esforço coletivo. O projeto proporcionou a articulação entre a pesquisa, a documentação e a difusão, considerando a dimensão simbólica da memória enquanto fomentadora de identidades, pertencimentos e projeções para o futuro. Dessa forma, o Centro de Memória se consolida como espaço de salvaguarda e difusão dentro da cultura do samba do Rio de Janeiro. Esperamos que as avenidas, quintais e afetos que perpassaram as histórias de vida dos que vieram antes de nós continuem a reverberar continuamente !