E o Cacique vive!

Onesio Meirelles

 

Estamos na década de 1960.

Carnaval na avenida Rio Branco onde tudo acontece.

Na Cinelândia em frente ao Amarelinho um palco montado .

Ali o público amontoado se delicia.

Um concurso de fantasia original faz com que a plateia vibre .

Muita criatividade dos participantes.

Originalidade feminina e originalidade masculina.

Acaba o concurso e o público não se afasta.

Decoração de carnaval na Avenida Rio Branco (1969) – Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional

Folião anônimo na Avenida Rio Branco (1969) – Fundo Correio da Manhã/Arquivo Nacional

Vai começar o show de músicas feitas para o carnaval.

Sambas e marchinhas.

Emilinha Borba, Marlene, Blecaute,  Risadinha, Ataulfo Alves, tantos outros são esperados para atender ao público fiel do carnaval.

Paralelamente, no restante da Avenida Rio Branco, o povão na calçada se espremendo para ver os blocos passar.

O local do Bola Preta, que desfilou no sábado, e que foi das escolas de samba no domingo, é dominado agora por muitos blocos na terça-feira gorda.

De repente surge um bloco, um bloco gigante para a época. 

Todos vestidos de índio.

O barulho dos tamancos acompanhando o ritmo da Bateria e do Samba.

 

“Neste Carnaval não quero mais saber.

De brigar com você. . .”

 

Que samba, que animação. 

O público vibra.

Sim, é o Cacique de Ramos.

 

“Você pagou com traição.

A quem sempre lhe deu a mão.” 

 

“Amor, não me leve a mal

Hoje é carnaval…”

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Cacique de Ramos desfilando na avenida Rio Branco em 1965

Acervo pessoal Giampaolo Lomi

 

Um espetáculo.  

A voz do Cacique se faz ecoar por toda Avenida Rio Branco 

Mais de cinco mil índios cantando Chinelo Novo.

Era assim, e foi por vários anos, a Avenida Rio Branco, terra de índios. 

Hoje não é mais, estamos no século 21.

Mas o Cacique continua desfilando em outros territórios. 

São mais de sessenta anos trazendo alegria aos cariocas desfilando com suas Alas de Guerreiros, Comanches, Apaches, Cheyennes e tantas outras mantendo a sua tradição. 

 

Sobre o autor: Onesio Meirelles é sambista mangueirense e escritor.