O Cacique de Ramos é uma instituição formalmente constituída, sem fins lucrativos, fundada em 20 de janeiro de 1961 e em permanente atuação desde então. Está organizado como uma entidade recreativa e desde sua fundação participa do carnaval de rua da cidade do Rio de Janeiro como um bloco de embalo. Nessas seis décadas de existência, a agremiação alcançou notório reconhecimento popular na folia carnavalesca da cidade. O bloco se tornou um fenômeno de multidão, sendo referência com seus desfiles vibrantes e um repertório de sambas especialmente constituído para os seus cortejos. O Cacique é reconhecido pelo uso de símbolos visuais que são compreendidos como elementos de interculturalidade e de recriação de identidades, caso da própria denominação da entidade e das fantasias de indígena estilizado usadas por seus componentes, exemplos de "antropofagia" cultural. A agremiação ocupa sede permanente no bairro de Olaria, e este espaço abrigou, a partir da década de 1970, rodas de sambas que se transformaram em local privilegiado de interação musical e comunitária. A sonoridade dos pagodes caciqueanos foi revelada ao mundo por meio do disco De pé no chão (1978) da cantora Beth Carvalho. Desde então, desdobrou-se um movimento que ajudou a florescer toda uma geração de compositores, intérpretes e músicos do samba carioca, a notabilizar uma nova instrumentação - o tantã, o repique de mão e o banjo, criados em suas rodas - e a consolidar o pagode do Cacique de Ramos como um intenso polo de sociabilidades e criação musical. Registre-se o revigoramento da prática do partido-alto, modalidade de samba de improviso de escassa reprodução, historicamente acalentado pelos participantes da sua roda de samba. A instituição mantém-se ativa, realiza atividades recreativas e sociais, e é notória por não cobrar ingresso para o acesso aos seus eventos. Finalmente, foi reconhecida como patrimônio imaterial do povo carioca por lei municipal, em 2005, e distinguida como um dos locus de recriação do partido-alto dentro do Dossiê das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, no ano de 2007. O documento elaborou o pleito à titulação, concedida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que reconheceu como patrimônios nacionais o partido-alto, o samba de terreiro e o samba-enredo. O Cacique de Ramos - instituição, território e identidade - é parte viva do afeto de pessoas que veem nele local de interação comunitária, aprendizado e fruição artístico-cultural. Interessados em estabelecer contato com o Centro de Memória podem escrever para o email: centrodememoria@caciquederamos.com.br
Diário de Notícias 19/01/1965 - Hemeroteca Digital - Fundação Biblioteca Nacional
Revista O Cruzeiro 28/01/1967 - Hemeroteca Digital - Fundação Biblioteca Nacional
Revista Manchete 10/02/1967 - Hemeroteca Digital/Fundação Biblioteca Nacional
Fotografias de Carlos Vergara que registram o desfile e as fantasias do Cacique de Ramos - Revista Malasartes (1974)
Pagode no Cacique de Ramos, rua Uranos, Olaria. Contracapa do disco De pé no chão de Beth Carvalho (1978)
Ofício do Cacique de Ramos à Censura solicitando liberação do seu samba de carnaval Vou festejar (1979) - Fundo Serviço de Censura de Diversões Públicas - RJ - Arquivo Nacional
Desfile da Estação Primeira de Mangueira, enredo Vou festejar! Sou Cacique, sou Mangueira! (2012) G1/Globo
Placa de reconhecimento do Cacique de Ramos enquanto patrimônio cultural carioca - Instituto Rio Patrimônio/Prefeitura do Rio de Janeiro