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Pandemia e a suspensão das atividades

Logo em seguida ao carnaval de 2020, uma novidade que já se avizinhava definitivamente tomou conta do país: a disseminação do Coronavírus (COVID-19), doença respiratória altamente contagiosa. Diante de um cenário adverso, pessoas e instituições tiveram suas rotinas transformadas em virtude do isolamento necessário à contenção do contágio, com a restrição da circulação e suspensão de diversas atividades presenciais. A pandemia impôs perdas materiais e simbólicas ao mundo inteiro. Nosso Cacique de Ramos também foi impactado nesse “novo normal” e a feijoada a ser realizada em 15 de março de 2020 foi suspensa O que se esperava que fosse uma suspensão preventiva, restrita a alguns dias, acabou se estendendo por meses a fio. De março de 2020 até novembro de 2021, o Cacique não realizou nenhum pagode aos domingos, tradicional evento na agenda do lazer do Rio de Janeiro. À medida que os meses avançavam, e o isolamento social permanecia, uma constatação: não haveria carnaval em 2021! Ano em que a agremiação comemorou 60 anos de fundação e nenhuma festa ou desfile foi realizado. Grande frustração e angústia por parte dos dirigentes e componentes da agremiação, afinal esperava-se que todo um calendário de celebrações fosse realizado.

O isolamento social

O período do isolamento social significou quadra fechada e a suspensão de todas as atividades presenciais, um efeito e tanto, afinal foi impossível continuar gerando renda para a manutenção da entidade. No entanto, um outro prejuízo foi ainda mais sentido: a ausência de encontros entre aqueles que dirigem o Cacique de Ramos. A agremiação é administrada pelo seu Presidente e um conjunto de diretores, pessoas que se aglutinaram ao redor do Cacique fundamentalmente pelo afeto. Esses diretores construíram, ao longo do tempo, laços de pertencimento à agremiação e de amizade entre si, e do dia para a noite se viram privados dessa convivência. Um agravante: pelo menos metade dos 18 dirigentes do Cacique é de idosos, grupo considerado de risco durante a pandemia. Como ponto positivo, registramos que não houve falecimentos entre os integrantes desse grupo, apesar de alguns terem se contaminado e sofrerem com perdas em suas famílias. Gradativamente, com a vacinação, as atividades retornaram e eles tiveram segurança sanitária para voltar a conviver.

Cacique como local de vacinação

Um alento de esperança chegou nos primeiros meses de 2021: a vacina. Para alegria de todos os que gostam do Cacique de Ramos, a quadra da instituição foi escolhida pela Prefeitura do Rio de Janeiro para receber um posto de vacinação. Assim, a agremiação teve a felicidade de ser palco do combate à doença, e foi convertida em um símbolo de valorização da vida e da ciência. Nas redes sociais se pôde notar que as pessoas celebraram intensamente o Cacique como local de vacinação e que boa parte delas passou a se programar para receber a vacina no Cacique e garantir a fotografia na quadra - quem sabe até ao lado de Bira Presidente! Ao lado, postagens do Twitter.
A vacinação foi realizada pelos profissionais da Clínica da Família Valter Felisbino de Souza (bairro de Ramos), entre 08 de abril e 29 de outubro de 2021, totalizando 164 dias de atendimento e 17 mil doses aplicadas. Abaixo registros cedidos pelos profissionais da Clínica.

Acervo “Impactos da pandemia covid-19 na diretoria do Cacique de Ramos”

Um espaço antes dedicado à festa, ao lazer e à celebração da vida foi atravessado intensamente por sentimentos como tristeza, angústia, solidão, medo, frustração…Diante disso, o Centro de Memória do Cacique de Ramos, atento ao fato de que passamos por um momento inédito que deixou marcas institucionais e pessoais, achou por bem realizar um registro do nosso tempo presente. O acervo de história oral “Impactos da pandemia covid-19 na diretoria do Cacique de Ramos” foi criado com o objetivo de registrar impressões, memórias e opiniões dos diretores da agremiação acerca do período da pandemia. Do grupo, apenas 3 integrantes, por razões pessoais, não puderam ser entrevistados. O projeto estabeleceu um roteiro geral, com perguntas comuns aos 15 entrevistados, e solicitou que eles se identificassem, sintetizassem a origem da sua relação com o Cacique, expressassem como foi o período de isolamento e de que forma ele afetou os seus cotidianos. Apresentamos nessa exposição os depoimentos que constituem o acervo. Fica o convite para que os vídeos sejam vistos e analisados como fontes que ajudam a contar a história do nosso contemporâneo.

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